ANGICO AMARELO – CANAFÍSTULA PELTOPHORUM DU

ANGICO AMARELO

  • Nome Científico: Peltophorum dubium
  • Nomes Populares: angico-amarelo; angico-brabo; angico-branco; angico-castanho; angico-cedro; angico-de-caroço; angico-de-casca; angico-de-curtume; angico-do-banhado; angico-do-campo; angico-do-mato; angico-dos-montes; angico-fava; angico-jacaré; angico mama-de-porco; angico-manso; angico-preto; angico-preto-rajado; angico-rajado, angico-rosa; angico-verdadeiro; angico-vermelho; Arapiraca; brinco-de-saoim; brincos-de-sagüi; brincos-de-sauí; Icambuí; Cambuí-angico; Cambuí-ferro; curupaí, guarapira; guarapiraca; guarucaia moro e paricá. Na Argentina, cebil colorado, na Bolivia, cebil e no Paraguai, kurupaý-kuru.
  • Família: Fabaceae
  • Categoria: Árvores, Árvores Ornamentais.
  • Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical.
  • Origem: América do Sul
  • Altura: acima de 12 metros
  • Luminosidade: Sol Pleno
  • Ciclo de Vida: Perene

A canfístula é uma árvore decídua a semi-decídua, com florescimento decorativo e muito utilizado na arborização urbana na América do Sul. Seu porte é grande, alcançando de 15 a 40 metros de altura, com copa ampla e globosa. O tronco atinge 50 a 120 cm de diâmetro e possui casca fina quando jovem, que engrossa e se torna escamosa com o passar do tempo. Apresentam folhas bipinadas, alternas, com foliólulos ovalados e coriáceos. As inflorescências surgem no verão. Elas são grandes, terminais e do tipo espiga, carregadas de botões dourados que se abrem em flores amarelas da base em direção ao ápice. O fruto é um legume, seco, indeiscente, lanceolado e achatado, contendo uma a duas sementes elípticas. A Canafístula é uma excelente opção para o paisagismo urbano ou rural. Ela produz sombra fresca no verão e perde parte ou todas as folhas no inverno. Sua floração é um verdadeiro espetáculo de flores amarelas e forma um tapete de pétalas no chão. Ecologicamente é considerada uma importante árvore oportunista, que se beneficia de clareiras, sendo por este motivo utilizado em recuperação de áreas degradadas. Sua madeira é rosada, moderadamente densa e de boa durabilidade quando seca. É utilizada em trabalhos de marcenaria, construção civil e no fabrico de dormentes, entre outros. Deve ser cultivada sob sol pleno, em solo fértil, drenável, enriquecido com matéria orgânica e irrigado regularmente no primeiro ano após o plantio. Tolera o frio e geadas, adaptando-se ao clima subtropical e temperado. Multiplica-se por sementes, que devem ser escarificadas para quebra de dormência. Emergem cerca de 15 a 30 dias após a semeadura. As mudas devem estar bem desenvolvidas antes de plantar no local definitivo, pois são sensíveis a formigas e ao vandalismo.

Germinação

Para “quebrar” esta dormência e conseguir germinar sua árvore bebê, siga os passos abaixo indicados e fique maravilhado com o processo!

1 – Tenha em mãos os seguintes itens: 2 pedaços (bolinhas) de algodão, uma lixa de unha, um pouco de água e claro, as sementes de Canafístula.

2 – O próximo passo é escarificar / lixar levemente a base da semente (a parte mais pontuda). Lixe pelas laterais, mas com cuidado para não danificar a semente. Esta sacarificação permitirá que a água (elemento da vida) penetre na semente proporcionando a germinação.

3 – Depois de escarificar as sementes, prepare o vasinho com algodão, acomode as sementes e coloque um pouco de água para umedecer a base. Finalize colocando o outro pedaço de algodão por cima, fazendo uma espécie de “sanduiche” com as sementes ao meio. Coloque um pouco mais de água e em seguida retire o excesso de água, pressionando o algodão por cima (com os dedos). Cubra as sementes com outro pedaço de algodão e retire o excesso de água.

4 – Agora vem à parte mais espetacular, a germinação.  Entre 5 e 10 dias sua semente irá absorver a água  e iniciar o processo maravilhoso da vida. Nos primeiros dias, a multiplicação celular irá se concentrar em criar uma raiz longa para absorver mais nutrientes, enquanto prepara e ensaia a saída efetiva das primeiras folhas “protetoras”. Repletas de clorofila, folhas iniciais verdes e bem escuras,  proporcionam intensa respiração celular e geram energia suficiente  até que o caule e a folhagem definitiva se formem.

5 – Com os brotos germinados aguardem até conseguir  pelo menos 3 cm de raiz para que possa ser possível  seu plantio em um vaso maior, desta vez contendo substrato orgânico (terra fértil). Faça uma abertura em meio ao substrato contido no vaso com uma caneta ou objeto similar e, com cuidado, enterre a raiz até que fique firme e estável.  Agora é só regar e aguardar ela crescer e se fortificar, até que seja possível seu plantio definitivo.

Cultivo: É uma planta de facílimo cultivo em toda região tropical do Brasil, bastando plantá-la em um local que provenha espaço suficiente para seu crescimento, adicionar periodicamente um pouco de fertilizante orgânico ao solo de modo a mantê-lo fértil e irrigar de forma a manter o solo umedecido sempre, pelo menos enquanto a planta for jovem e pouco resistente.

OCORRÊNCIA

Distribuição geográfica

O angico, assim como as aproximadamente 80 espécies inicialmente abrigadas sob o gênero Piptadenia, é árvore nativa de regiões tropicais americanas. No Brasil, ocorre no Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Tocantins, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. É, entre os angicos brasileiros, o que tem a maior abrangência geográfica. Aparece ainda na Argentina, Bolívia, Paraguai e Peru.

Informações ecológicas

Planta decídua, heliófila, silvestre e xerófila seletiva. No grupo sucessional, é uma espécie secundária inicial. Ocorre, indiferentemente, em solos secos e úmidos, porém profundos. Tolera também solos rasos e compactados. Na região Nordeste, ocorre nos solos areníticos, calcários e aluviais.

Floresce com a planta quase totalmente despida de folhagem, de agosto a setembro, no Distrito Federal, de agosto a dezembro, no Ceará, de agosto a janeiro, em Pernambuco; em setembro, no Piauí, de setembro a outubro, no Rio de Janeiro e no Paraná e de setembro a novembro, em São Paulo.

Frutos maduros de março a maio, no Paraná, de abril a outubro, em São Paulo, em junho, no Piauí, de julho a agosto, no Distrito Federal, em agosto, na Bahia; de agosto a setembro, no Espírito Santo; de agosto a novembro, em Pernambuco e em outubro, no Mato Grosso.

DESCRIÇÃO

Hábito de crescimento

Árvore com 8 a 20 m e 30 a 50 cm de DAP podendo atingir, em alguns casos, até 30 m de altura e 90 cm de DAP. No cerrado e na caatinga, apresenta porte menor com altura variando de 3 a 15 m.

Caule

Caule reto ou tortuoso, fuste com até 13 m de altura. Ramificação cimosa, dicotômica. Galhos apresentando acúleos e lenticelas.

Casca

Apresenta casca viva de espessura grossa e avermelhada internamente. Por incisão, apresenta exsudato transparente resinoso, sem odor ou sabor distinto. Casca morta de tronco idoso, espessura maior que 5 mm, áspera, rígido, predominantemente cinza-claro a negra. Apresenta sulcos longitudinais profundos e irregulares, com fendas transversais, delimitando blocos retangulares da ordem de 2 a 4 cm de comprimento por 1 a 2 cm de largura, com superfície plana, aparentemente uniforme que quando se destacam, deixam depressões.

Folha

Folhas alternas, com até 30 pares de pinas opostas, essas medindo 4 a 8 cm; folíolos 50 a 60 pares, opostos, sésseis, membranáceos, lanceolados, arredondados e assimétricos na base, com a nervura central excêntrica, as outras obsoletas, retilíneos, glabros ou escassamente pilosos, em geral medindo 3 a 4 x 1 a 2 mm; pecíolo com uma conspícua glândula negra, elipsoide, cuja abertura é rimosa, localizada junto á inserção e mais algumas menores entre as últimas pinas.

Flor

Flores hermafroditas, brancas, pequenas, reunidas em capítulos globosos axilares ou terminais.

Fruto

Fruto legume (ou folículo) achatado, deiscente, que se abre em uma única fenda situada ao longo de um dos bordos, do que resulta permanecerem as valvas unidas pelo outro lado, plano, levemente recurvado, sinuoso ou superficialmente contraído entre as lojas seminais, não muito espesso, inclusive nas margens; base atenuada e ápice mucrunado, de coloração pardo-avermelhada, superfície rugosa e dotada de pequenas excrescências, quase sem nervuras, medindo 15 a 30 x 2 a 3 cm.

Semente

Semente de coloração castanha a pardo-avermelhada escura, brilhante, orbicular lisa, sem asa, comprimida ou achatada, com pequena reentrância hilar, com 2 x 1,5 cm.

Raiz

Raiz pivotante acentuada em relação às laterais. A planta jovem forma pequeno tubérculo lenhoso, em raiz axial.

Madeira

Madeira pesada a muito pesada (0,84 a 1,10 g/cm3), a 15% de umidade, e massa específica básica de 0,620 ton/m3. Alburno branco-amarelado podendo exibir tonalidade rósea. Cerne castanho-amarelado, quando recém cortado, passando a castanho-avermelhado e escurecendo para vermelho-queimado; apresenta abundantes veios ou manchas arroxeadas, que são mais destacadas quando recém-cortada.

Superfície pouco lustrosa e irregularmente áspera; textura média, grã irregular a reversa. Cheiro imperceptível e gosto ligeiramente adstringente. Madeira com elevada resistência mecânica, alta durabilidade e alta resistência ao apodrecimento. Apresenta baixa permeabilidade a soluções preservantes.

Dispersão

Autocórica.

USOS

Madeireiro

Própria para construção rural, naval e civil, marcenaria e carpintaria. Utilizada para a fabricação de dormentes, móveis, tabuados, carrocerias, caibros, ripas, esquadrias, tacos de assoalho, tetos, batentes, mourões, vigas, cruzetas, esteios, assoalhos, cercas, estacas, postes, carroças, móveis, rodas de engenho e obras hidráulicas. Produz lenha e carvão de boa qualidade. Madeira com teor muito alto de lignina, sendo considerada excelente para produção de álcool e coque.

Forrageiro

As folhas e galhos cortados são usados como forragem.

Medicinal

A casca é usada em medicina caseira, em infusão, xarope, maceração e tintura. Tem propriedade hemostática, depurativa, adstringente, cicatrizante e peitoral. Utilizada para tosses, coqueluches, bronquites, doenças sexuais, contusões e reumatismo. Tem, também, ação sobre as fibras do útero.

Ornamental

Floresce exuberantemente todos os anos, o que a torna muito ornamental e própria para a arborização de parques, rodovias e praças.

Outros usos

Apresenta rápido crescimento, podendo ser aproveitada com sucesso para reflorestamento de áreas degradadas e de preservação permanente.

Planta apícola, fornecendo pólen e néctar (33% de açúcar).

A casca e fruto encerram cerca de 15 a 20% de tanino, produto indispensável na indústria do curtume.

Restrição ao uso

Quando murcham na planta, as folhas tomam-se tóxicas ao gado devido à formação de ácido cianídrico, porém quando fenadas ou secas constituem boa forragem.

MANEJO SEMENTES

Coleta e beneficiamento: a coloração verde-amarronzada dos frutos revela o bom índice de maturação das sementes, que devem ser colhidas quando da abertura espontânea do fruto, porque essa é a única maneira de se evitar a perda constante de sementes.

Número de sementes por quilo: 6.500 a 23.000 sementes.

Quebra de dormência: não há necessidade.

Longevidade e armazenamento: sementes com faculdade germinativa inicial de 90%; armazenadas em embalagens plásticas em câmara fria, aos 12 meses, apresentaram germinação de 88%, enquanto as armazenadas em sala de laboratório apresentaram uma germinação de 25%.

PRODUÇÃO DE MUDAS

Semeadura: recomenda-se semear uma semente no recipiente, geralmente saco de polietileno, de dimensões mínimas, de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em sementeira.

Germinação: plântula faneroepígea. A emergência das plântulas ocorre entre 2 e 33 dias após a semeadura.

Repicagem: três a quatro semanas após a semeadura, quando atinge 4 a 6 cm de altura.

Propagação vegetativa: propaga-se por enxertia, através do método da garfagem em fenda cheia, apresentando, aos 30 dias, 100% de pegamento. Também, podem ser usadas estacas de brotação do toco ou radicais.

Tempo total em viveiro: no mínimo cinco meses.

Características especiais: devido à sua rápida germinação e rusticidade, demonstra boas possibilidades de utilização em semeadura direta no campo, mesmo em locais de solos pobres e erodidos de encostas desnudas. Mudas maiores que 1,50 m são difíceis de transplantar.

CARACTERÍSTICAS SILVICULIRURAIS

Exigência lumínica: tolera sombreamento leve na fase juvenil.

Tolerância ao frio: medianamente tolerante.

Capacidade de rebrota: apresenta brotação após corte, podendo ser manejada pelo sistema de talhadia.

Desrama: os ramos são persistentes, necessitando de poda de condução e corte de ramos.

Métodos de regeneração: pode ser plantada em plantio puro, a pleno sol, com bom desenvolvimento e expressiva regeneração natural por sementes; em plantio misto, deve ser associada com espécie pioneira de crescimento rápido, para melhorar sua forma ou em vegetação matricial, em faixas abertas na vegetação arbórea e plantada em linhas.

Sistemas agroflorestais: a espécie é utilizada no sombreamento de pastagens, mais comumente na Região Nordeste, devido apresentar copa ampla.

CRESCIMENTO E PRODUÇÃO

O crescimento do angico-vermelho pode ser moderado a rápido, podendo ser cortado a partir de 5 anos, para mourões; 6 anos, para lenha (dimensões de 8 a 12 cm de diâmetro); 20 a 25 anos, para madeira (na região dos cerrados, a partir de 30 anos).

PRINCIPAIS PRAGAS E DOENÇAS

Pragas: entre as espécies de insetos que ocorrem, os danos mais severos são causados por:

(1) Oncideres dejeani Thomson, 1868 (Coleóptera – Cerambycinae), “serrador”, que provoca corte nos ramos da planta, prejudicando o seu desenvolvimento;

2) Eburodacrys sexmaculata Oliv., 1790 (Coleóptera – Cerarnbycinae) que desenvolve abertura de galerias longitudinais no lenho. As plantas atacadas geralmente secam e morrem;

3) Cupins e ácaros, danos diversos.

Doenças: em viveiro, é comum a ocorrência de tombamento (“damping-off”).                

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©2024 Mybonsai Paulo Schweitzer

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