Kusamono – Kokedama – Wabikusa

http://artofbonsai.org/galleries/images/hebeisen/winter_saxifraga_rokujo_horst_heinzlreiter.jpg https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2a/Kokedama_Citrus.JPG http://www.aquascaping-forum.de/index.php?page=Attachment&attachmentID=7692

Kusamono e Shitakusa – Formando composições harmoniosas

Como já sabemos, quando se expõe exclusivamente um bonsai de ervas ou de flores, o chamamos de kusamono. Ao contrário, quando o objeto principal é um bonsai ou suiseki, as plantas de acompanhamento são denominadas shitakusa (se pronuncia staksa).

Para os shitakusa ou plantas de acompanhamento se empregam, de maneira geral, recipientes planos de cerâmica, com o propósito de simbolizar uma paisagem plana e vasta. Os pequenos vasos para bonsai são quase sempre inapropriados, já que sua borda é muito alta.

A necessidade de vasos mais baixos para as plantas de acompanhamento se deve que a massa principal de folhagem destas não deve se sobressair por cima do nível da apresentação ou da base sobre a que esta situado, o bonsai ou suiseki (borda superior da mesa onde se encontra). A massa principal de folhagem de um shitakusa deve alcançar no máximo o nível de apresentação do bonsai. Unicamente se permite que apareçam algumas flores ou frutificações. Os kusamono são pequenas plantas de “acento” ou shitakusa e podem ser de qualquer tamanho. Não é necessário ter em conta a altura da composição. Antes de tudo, as plantas e o vaso devem ser belos e formar um conjunto harmonioso.

Na Ásia, se empregam para os kusamono vasos de pasta de vidro, de laca, de porcelana, pedras com cavidades e madeira recuperada da água. Para os shitakusa se usam mais os vasos de cerâmica. No inicio, há a difícil tarefa da seleção de vasos para kusamono e shitakusa, o mais importante é somente a estética.

Alguns oleiros da Ásia e de certos lugares do mundo ocidental se especializaram na criação de belos vasos para plantas de acompanhamento ou vasos para kusamono. Hoje em dia, é possível comprar preciosos vasos para kusamono feitos à mão, claramente diferenciados dos vasos de bonsai.

Há que ter em conta os seguintes critérios na hora de selecionar vasos para kusamono e shitakusa:

– Tamanho ou altura das plantas

– Formato das plantas

– Cor das plantas no momento da apresentação

– Tamanho e tipo do objeto da apresentação que se vai expor ao lado de uma planta de acompanhamento

– Se optará preferencialmente por vasos planos para kusamono ou plantas de acompanhamento, exceto dos recipientes para o cultivo prévio de composições de neagari.

– A altura da borda de um vaso para kusamono deve ser entre uma quinta ou décima parte da altura da massa principal da folhagem da composição de kusamono.

– Um vaso para composições de kusamono o shitakusa devem ter suficientes orifícios de drenagem e orifícios para fixar as plantas.

– Os bonsai velhos devem ser plantados em bandejas para bonsai antigos ou envelhecidos. Devido aos shitakusa serem relativamente jovens, quando acompanham bonsai velhos, há que selecionar vasos para shitakusas antigos, escuros ou de cores discretas.

Por exemplo, uma planta de acompanhamento em vaso vitrificado combina bem com um bonsai em vaso não vitrificado.

Na continuação, algumas observações sobre a cerâmica em si:

– Os vasos devem ter sido submetidos a um cozimento a prova de inverno (sem poros), já que as plantas passam o inverno no jardim ou em uma estufa fria.

– Se escolhem preferencialmente vasos com formas assimétricas.

– Se empregam vasos vitrificados e não vitrificados. Nas mesmas condições e proporcionando os mesmos cuidados aos kusamono, se formam manchas de cal visíveis nas não vitrificadas do que nas vitrificadas.

– Se utilizam vasos redondos, ovais e moderadamente curvos, mas não formas angulosas com cantos pontiagudos visíveis. Unicamente se permite o uso de vasos angulosos em casos raros, quando estes contribuem esteticamente para formar composições elegantes.

– A cerâmica arenosa tende a ter um aspecto rústico, por isso não é apropriada para kusamono de certo tamanho.

– O vaso de uma planta de acompanhamento deve guardar algumas proporções harmoniosas tanto para o tamanho quanto para a cor do bonsai ou suiseki como com seu vaso ou suiban.

– Sendo que as plantas de acompanhamento devem representar às estações do ano, se deverá escolher a cor das bandejas em harmonia com a época.

– Nos kusamono ou shitakusa, as plantas são o centro absoluto da atenção. Por tanto, os vasos, na qualidade de elemento prescindíveis, devem formar um todo harmônico com as plantas.

– Ao comprar vasos de cerâmica é imprescindível fazer uma prova de som. Quando se bate ligeiramente com a unha em um vaso cozido a prova, o som que se produz é metálico. Quando os vasos não estão suficientemente cozidas, emitem um som grave.

Até agora, os recipientes de cerâmica de parede fina tem dados bons resultados. Suas formas ligeiramente assimétricas tem dado um efeito feminino e elegante. Em caso de dúvida, consulte um especialista em composição de kusamono ou a um ceramista de vasos para kusamono, que realmente domine as regras da apresentação de bonsai, kusamono e suiseki.

 

Kusamono ou Shitakusa

Kusamono são arranjos que primitivamente eram elaborados como acompanhamento para exibições de Bonsai no estilo clássico (Tokonoma), de pinturas, poemas (Haiku), Suiseki, etc. Estes pequenos arranjos funcionavam como auxiliares, portando eram criados de forma a complementar um conjunto, sem sobrepor o assunto primário, ou até aludir à origem da peça principal, por exemplo, de onde veio o Suiseki ou Bonsai ou qual a inspiração para o Haiku. Sua composição usa vasos para Bonsai ou bandejas próprias chamadas Suiban e sua beleza estão na simplicidade. Com o passar do tempo o Kusamono passou a ter sua estética apreciada separadamente e ganhou vida própria na forma de belos arranjos vivos com feições naturais, recebe o nome de Shitakusa. Um bom Kusamono não é algo estático, ele cresce e muda conforme o passar do tempo. Na foto acima note que o pequeno Kusamono contrapõem e equilibra a visualização do imponente bonsai.

 

Kokedama

O Kokedama era considerado o Bonsai dos pobres, visto que os Bonsai propriamente ditos eram reservados as elites Japonesas com poder aquisitivo para isso. O grande diferencial do Kokedama é sua simplicidade em termos de elaboração/manutenção e principalmente o seu substrato em forma de bola coberto de musgo verdejante, efeito que é conseguido com a utilização de musgo para compor um torrão redondo onde as plantas serão fixadas, geralmente é mais elaborado que o Kusamono, pois é primariamente uma peça individual, portanto não há preocupação com o fato de sua elaboração poder ser bem mais cuidadosa. Pode ser exibido em qualquer tipo de recipiente, dos clássicos aos moderno recipientes que qualquer um tem casa. Assim como o Kusamono o Kokedama é muito popular no Japão e se espalhou pelo mundo por sua beleza simples.

Wabikusa

Chegamos finalmente ao Wabikusa, quem já viu um já deve ter percebido quanto do Kusamono e do Kokedama é intrínsecos ao Wabikusa, que pegou emprestado a estrutura e a estética dos dois estilos, fazendo uma distinção específica: O Wabikusa é feito com espécies de plantas palustres, ou seja, plantas que poderão perfeitamente passar do estado emerso para o submerso, uma sacada genial da ADA, e chegamos finalmente aos nossos aquários. A ADA dispõe de solos específicos que tornam possível a criação do torrão que será submerso parcial ou completamente, diferente do estilo Kokedama em que o solo é apenas mantido húmido. Na foto acima o mesmo arranjo fora e dentro do aquário em desenvolvimento.

Como fazer seu Wabi-kusa

 

Lista de materiais:
Todos os elementos de hardscape (decoração) devem ser lavados antes de serem utilizados na montagem.

01 vidro transparente (baixo, médio ou alto) de sua preferência;
01 pinça e tesoura;
01 pote com água;
01 peixinho pequeno para prevenir larvas (respeitando as condições ideias para mantê-lo);
01 saquinho de tecido com elastano;
Substrato Fértil (húmus de minhoca, carvão ativado, terra vegetal)
Plantas aquáticas e musgo aquático;
Linha de algodão ou Nylon para amarrar o Kokedama;
Areia grossa;
Areia fina;
Cascalho mineiro (opcional);
Pedrinhas;
Tronquinhos ou raízes pequenas;
01 borrifador.

Passo-a-passo-Como-fazer-um-Kokedama-para-o-Wabi-kusa

1.    Passo: Fazer o Kokedama
De acordo com o tamanho do vidro, escolha a medida de substrato que dará forma e tamanho ao seu kokedama. Utilizando o saquinho de elastano, encha com o substrato e amarre.
Corte o excesso de tecido. Lave o kokedama (sem apertar) em um pote com água até sair o excesso de sujeira, para não turvar a água do wabi-kusa. Envolva o musgo em torno da bola de substrato e amarre-o com algumas voltas de fio ou linha.

Passo a passo Como fazer um Wabi-kusa - materiais

Passo a passo Como fazer um Wabi-kusa

Passo a passo Como fazer um Kokedama para o Wabi-kusa - Plantas adequadas

Qualquer planta que aceite emersão é  uma boa pedida para essa técnica.

2.    Passo: Montar, plantar e decorar
Coloque o Cascalho mineiro grosso dentro do vidro, como base para o kokedama. Após inserir o Kokedama, coloque a areia fina e o cascalho mineiro fino em torno do kokedama de forma a criar um ar natural. Borrife água na areia para assentá-la. Coloque as pedras maiores e as raízes pequenas em torno do kokedama, por sobre a areia. Com a ajuda da pinça, faça furos no kokedama e suavemente introduza as plantas nestes furos com a pinça.

Passo a passo Como fazer um Kokedama para o Wabi-kusa - água

3.    Passo
Com a ajuda de alguns pedaços de algodão ou lã acrílica, coloque água sem cloro dentro do vidro, até a medida que  julgar ideal e suficiente para cobrir metade ou toda a Bola de substrato. Retire suavemente o algodão. Introduza um peixinho (indicamos um peixe Betta ou um Lebiste) para prevenir larvas dentro do seu Wabi-kusa. Coloque seu Wabi-kusa sob luz indireta ou sob a luz de um spot. Está pronto. Boa sorte!

Passo a passo Como fazer um Wabi-kusa - Resultado final

Manutenção:
01 Spot de luz (8 h diárias, caso o Wabi-kusa fique em local pouco iluminado);
Borrifar as plantas todos os dias durante as primeiras 2 semanas;
Repor a água do Wabi-kusa sempre que necessário para manter o nível do recipiente de vidro (a evaporação d’água pode variar de acordo com o ambiente); Podar as plantas se, ou quando julgar necessário.

Como fazer um Wabi-Kusa - Manutenção

Como fazer um Wabi-Kusa - Manutenção

Conclusão

Wabi-Kusas são, bonitos e perigosamente sedutores, mesmo para o mais meticuloso dos aquascapers. Eles têm um fascínio estranho – uma forte atração por sua simplicidade caótica que voa em face da premeditação e planejamento que demanda o aquascaping. Wabi-Kusas nos fazem questionar sobre nossas ideias e abordagens, eles se mantêm  firmes diante de ideias preconcebidas e desafiam nossas regras. São idílicos e cativantes. Wabi-Kusas questionam todas as nossas regras e conseguem fazer isso da maneira mais persuasiva: fazendo-nos querer! Seu magnetismo é inegável, inabalável e apaixonante. Aquascapers de todo o mundo foram pegos de pelos Wabi-Kusas como um coelho nos faróis – agora eu entendo o porquê.

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