Escolha de vaso para bonsai
A grosso modo podemos afirmar que vaso é qualquer recipiente para pôr substrato, esta afirmação não deixa de ser uma verdade por se tratar de um fato, pois vasos podem ser feitos de
- Madeira
- Pedra
- Bacia plástica
- Pote de sorvete
- Carrinho de mão
- Argila de baixa queima ou alta queima (os famosos vasos cerâmicos)
- Até vaso sanitário pode virar um vaso
Partindo deste princípio é correto afirmar que qualquer coisa que retenha substrato pode ser usada como vaso., contudo no bonsai podemos ser mais específicos, pois o uso destes recipientes não é apenas por substrato, pois podemos dividir os mesmos 3 categorias
- Vaso de engorda
- Vaso de treinamento
- Vaso definitivo
1- Vaso de engorda: neste caso a ideia é fornecer a planta maior espaço para desenvolvimento, quanto maior melhor e as possibilidades de recipiente são infinitas, tipo bacias, tambores, canos de concreto, etc.
Cabe aqui uma ressalva, para engordar uma planta (engordar= fazer crescer mais) podemos também por ela diretamente no solo, segundo estudos da EMBRAPA uma planta colocada diretamente no chão cresce 78% mais que uma em vaso, mesmo que ele sega grande.
Podemos também aqui lembrar da mamadeira, técnica que não falarei aqui, pois não vi resultados de grande importância se confrontarmos a mamadeira x vaso grande.
2- Vaso de treinamento: devemos ter em mente que o bonsai será posto em um vaso pequeno, bem menos que o vaso de engorda e o de treinamento.
Este vaso é destinado a um preparo para a troca futura e colocação no vaso definitivo, mas ainda tem um volume de substrato maior, pois continuará fazendo a engorda da planta.
Deixo aqui uma forma de pensamento sobre o assunto no vídeo a baixo
3- Vaso definitivo: Já este vaso é mais comum ser de cerâmica de alta temperatura ou lasca de pedra entre outros. Os formatos são variados dependendo do estilo da planta, e vamos dar aqui várias regras para esta escolha
Vasos para Bonsai e sua Estética
1 – Os vasos não vitrificados são mais usados para coníferas e pinheiros, pois tanto as plantas quanto o vaso são mais sóbrios, cor marrom
2 – Para as caducas podemos usar tanto vasos vitrificados como não vitrificados, mas não é recomendado vaso brilhante, exceto se a planta tenha flores e frutos
3 – Use um vaso com uma largura de aproximadamente 2/3 da altura da árvore.
4 – A profundidade do vaso deve ser igual a 1-2 vezes a espessura do tronco na sua base.
5 – O comprimento do vaso deverá ser igual a dois terços da soma do comprimento dos dois primeiros ramos: sashi-eda (primeiro ramo) e ushiro-eda (segundo ramo).
6 – Não use um esmalte brilhante, a menos que a árvore tenha flores ou frutos.
7 – A outra forma de medir a largura do vaso e a soma do comprimento do terceiro ramo (uke-eda) e quarto ramos (mae-da).
8 – A altura ideal da árvore deverá ser igual a seis vezes a espessura do tronco. Isso não significa que é obrigatório, mas esta regra da mais proporção de equilíbrio a mesma.
Doravante esta parte foi retirada de uma matéria produzida pelo nosso amigo Sergio Onodera
( https://www.facebook.com/sergio.onodera )
Texto original em:
ANÔNIMO. Choosing a Pot
According to the Shape of the
Tree. Bonsai Today,
Watertown, Stone Lantern
Publishing Company, ano 15, n.
88, Nov./ Dez., 2003.
PAYERAS, Antonio. Selecting
a Pot by Color. Bonsai Today,
Watertown, Stone Lantern
Publishing Company, ano 15, n.
88, Nov./ Dez., 2003.
Tradução e adaptação por
Sergio Onodera
ESCOLHENDO UM VASO CONFORME O FORMARTO DA ÁRVORE
Nota do Editor: As ilustrações acima foram baseadas no Amidakuji, um jogo japonês
ESCOLHENDO UM VASO CONFORME O FORMARTO DA ÁRVORE
Ser um iniciante não lhe livra de prestar atenção na adequação do vaso à árvore.
Não use o preço do vaso como desculpa, já que pagar mais não significa, necessariamente, que você fez a escolha certa. Todos já se depararam, por um lado, com árvores espetaculares, porém simples e, por outro lado, com composições desequilibradas, mesmo que a planta seja de boa qualidade. Nesses casos, normalmente, a escolha do vaso é a característica É, porém, impossível encontrar dois Bonsai idênticos. Dessa forma, é também impossível ordenar regras gerais para a adequação do melhor vaso para cada planta que existe. Com isso em mente, esse artigo busca explicar alguns princípios básicos para lhe ajudar a fazer a escolha certa.
FORMATO
Vaso Retangular: Adequado para coníferas ou plantas de grande porte. É usado, frequentemente, para dar força à imagem da planta.
Vaso Oval: Adequado para espécies caducas, múltiplos troncos (kabutachi), árvores frutíferas, bosques (yoseue), ou para estimular a simpatia da árvore
Vaso Redondo: Adequado, igualmente, para coníferas e árvores caducas. É normalmente utilizado no estilo literati (bunjingi).
ESTRUTURA EXTERNA
Uma aba na borda superior dá estabilidade, mesmo com árvores frondosas.
Bordas retas apresentam linhas acentuadas, mas não diminuem a imagem forte da planta.
Bordas suaves: os cantos dos vasos apresentam pontas menos acentuadas, de modo a dar um perfil mais suave à peça.
Bordas arredondadas: os cantos do vaso aparecem ainda menos acentuados, lembrando um vaso oval.
A escolha do vaso correto para cada Bonsai cria uma clara harmonia. Faça a sua escolha com as características fortes do vaso em mente. Existem inúmeros tipos de árvores, assim como há inúmeros vasos distintos. Por isso, é muitas vezes desanimador, até mesmo para profissionais, encontrar o vaso adequado para cada planta. Todavia, aqui estão os princípios básicos para ajudar até mesmo um iniciante a achar o vaso certo para a sua árvore e ter a confiança necessária para expor seu trabalho.
FORMATO DO PÉ DO VASO
O pé com formato de “nuvem” dá ao vaso uma aparência mais antiga e mais valiosa, além de dar elegância ao Bonsai.
Os pés em forma de escada dão estabilidade ao conjunto e direcionam a atenção à árvore.
Os pés curtos são estáveis, mas não promovem nada a mais à árvore. Nem todas as plantas se adéquam a vasos com pés ornamentados, casos em que o pé simples harmoniza bem com a força visual da árvore.
PROFUNDIDADE
Vaso profundo: é muito chamativo, portanto, pode ser usado com plantas bastante altas ou de troncos largos.
Vaso de profundidade média: apresenta a profundidade mais comum para o cultivo, portanto, é o exemplo mais utilizado
Vaso raso: utilizado, normalmente, para árvores de padrão triangular. Sua pequena profundidade, entretanto, pode causar problemas no cultivo.
ORNAMENTAÇÃO
Com painéis laterais: vasos desse tipo – como o retangular – podem adicionar interesse à composição
Relevo ou pontas elevadas: o relevo é uma faixa que acompanha o formato retangular da peça. Não é tão chamativo quanto os painéis laterais do vaso acima.
Para continuar, vamos comparar alguns vasos “fortes” e “fracos”. Nesse ponto, os detalhes que fazem diferença são a profundidade da peça, seu peso visual, sua ornamentação e o formato de seu pé. Geralmente, quando se diz que um vaso é forte ou pesado, nós nos referimos ao seu tamanho em comparação com a árvore. Uma pequena diferença em seu tamanho pode gerar grande impacto no valor da árvore. Obviamente, a idade do vaso ou o tipo de argila com que foi feito (escura, terracota, marrom) são relevantes, mas o objetivo principal de um iniciante é atingir o equilíbrio entre árvore e cerâmica. Conseguir um vaso antigo é, muitas vezes, apenas uma questão monetária, mas antes de pensar em adquiri-lo, busque entender o equilíbrio do Bonsai.
Ao olhar para a relação entre vasos e árvores, nota-se que o tamanho é tão importante quanto o formato.
A – O vaso é claramente grande demais e faz o tronco parecer muito fino. Mesmo que a árvore apresentasse um tronco mais grosso, o vaso a faz parecer menor do que realmente é.
B – Nesse caso, o vaso é muito estreito e profundo, o que faz a planta parecer mais baixa e mais larga do que realmente é. A folhagem ultrapassa muito a borda do vaso, causando desequilíbrio.
C – Nesse exemplo, há um bom equilíbrio, mas a árvore está muito centralizada. Já que o vaso é um pouco profundo, é melhor para cultivo do que para exibição.
D – A profundidade não é ruim, mas o vaso é muito pequeno e estreito, dando a impressão de que a cerâmica não sustentará a planta.
E – A largura parece ser apropriada, mas o vaso é muito raso. Isso tornaria a manutenção da saúde da árvore um pouco difícil. Além disso, a centralização da árvore no vaso limita o seu movimento.
F – A planta um pouco deslocada do centro cria um efeito harmonioso, deixando um espaço aberto à direita. Em geral, essa é uma ótima escolha de posicionamento. Mas como no exemplo C, esse vaso é um tanto profundo, portanto pode ser mais adequado para cultivo do que para exibição.
O ponto inicial para escolher o vaso é destacar o estilo de sua árvore. Com a apresentação dos vários exemplos de vasos e plantas, fica claro que a escolha do vaso certo depende tanto de sensibilidade, como de senso comum, sendo que nenhum dos dois pode ser obtido pelo estudo. Nesse ponto, o essencial é saber como destacar as qualidades particulares de cada árvore, ressaltando-as a partir da escolha do vaso adequado. Não é uma questão de encontrar a peça perfeita, mas de fazer a melhor escolha dentro do leque possível de opções. Vamos dar uma olhada em algumas regras básicas sobre a relação entre tipos de árvore e de vaso.
Cascata – Vaso Quadrado
Procure um vaso que gera estabilidade, para compensar o movimento e o fluxo do estilo cascata ou meio cascata. Um vaso redondo também seria apropriado, mas algumas vezes o formato quadrado permite que os galhos não toquem a cerâmica, é usado também um vaso alto
Múltiplos Troncos – Vaso Oval
Para o estilo kabutachi, nós podemos utilizar, também, um vaso retangular, se o tronco principal for mais largo do que o apresentado na ilustração acima. Para o exemplo exposto, entretanto, um exemplar oval seria melhor. Quando o grupo de plantas for do estilo Fukinagashi (varrido pelo vento), vasos redondos são normalmente utilizados.
Literati – Vaso redondo
O tronco alto e fino demanda um vaso que seja, ao mesmo tempo, raso e estável. O espaço aberto ao redor da base do tronco e a linha dos galhos trabalham muito bem juntos
Ereto Informal – Vaso Retangular
Uma árvore com um tronco mais fino poderia ser plantada em um vaso oval, mas um aumento da grossura demanda uma peça retangular. A utilização, ainda, de um vaso mais raso, aumenta o tamanho relativo da árvore, mas nem sempre é recomendado, por razões de cultivo.
ESCOLHA UM VASO PELA COR
(Texto original e imagens por Antonio Payeras Vasos por Tokoname Yuyaku.)
Normalmente, a influência da cor na escolha do vaso é vista de maneira muito superficial e idiossincrática: “é uma questão de escolha pessoal”. Entretanto, bonsaista devem obedecer a um conjunto de regras, assim como ocorre em outros empreendimentos artísticos. Na arte do Bonsai, diferentemente das outras artes, a utilização da cor é um complemento ao objeto central da composição, a árvore, cuja cor não pode ser alterada. Os vasos são sempre meros ajudantes, jamais de maior importância do que a planta. De um ponto de vista puramente subjetivo, é normalmente possível perceber se um vaso “cai bem” em uma árvore, mas vamos explorar os motivos que levam a essa percepção. Tudo o que for dito aqui sobre a cor dos vasos é aplicável, também, ao layout do Tokonoma como um todo, isto é, a cor do display do Bonsai, as plantas de apoio, o Suiseki etc. O objetivo é atingir o “Hachiutsun”, por assim dizer, a melhor combinação entre vaso e árvore.
A PSICOLOGIA POR TRÁS DA COR
É sabido que cores podem produzir certos efeitos psicológicos. Cores são associadas com determinados estados de humor. No Japão, o vermelho significa paixão e o amarelo, ódio. Já o verde, significa esperança e o azul, lealdade. Esses sentidos simbólicos das cores variam conforme a cultura e o tempo. Por exemplo, para os Cheyenne, uma tribo indígena norte-americana, o amarelo significa maturidade e perfeição. Na Baixa Idade Média, o verde era a cor do jovem amor. Já o azul era símbolo de infidelidade e engano. Portanto, não considere esses significados ao planejar o esquema de cores do seu Bonsai, uma vez que eles refletem muito mais um condicionamento cultural do que puramente um padrão estético.
Imagem 1 – espectro de cor visível
CORES BÁSICAS
Nós sabemos que a cor visível varia dentro de um espectro que vai do roxo ao vermelho. A maior parte das pessoas já deve ter visto talvez até mesmo usado – uma roda de cores, mostrando como criar uma cor em particular a partir da junção de duas, ou mais, outras. Basicamente, a roda de cores é o espectro com seu início e seu fim conectados, na forma de um círculo. Nós percebemos cores, pois um objeto iluminado pela cor branca absorve quase todos os tons do espectro, refletindo apenas um, que é justamente aquele que nos chega aos olhos. Essa característica implica que a luz nas regiões quentes do mediterrâneas não é a mesma das frias áreas mais ao Norte. Por exemplo, em áreas metropolitanas, a luz é predominantemente amarela, devido à poluição. Dessa forma, um objeto que seria fortemente vermelho em outras regiões, nas grandes cidades, seria mais desbotado.
A RODA DAS CORES
A roda de cores, normalmente, mostra as doze cores apresentadas na ilustração abaixo, categorizadas de acordo com sua relação com outras cores e sua posição na roda.
CORES PRIMÁRIAS
Por definição, cores primárias são os tons básicos que, quando propriamente combinados, podem criar qualquer outra cor do espectro.
Imagem 2 – A roda de cores
Imagem 3 – As cores primárias
Nota do Editor: Nesse artigo, a roda de cores usa as primárias vermelho, verde e azul, em oposição ao vermelho, amarelo e azul, mais habitual à maioria dos leitores. Ambos são válidos. O número de cores de rodas possíveis é, na realidade, infinito.
CORES SECUNDÁRIAS
Em seguida, para continuar construindo a roda, posicione as três cores secundárias obtidas a partir da mistura das três cores primárias: ciano, magenta e amarelo.
Imagem 4 – Cores secundárias
CORES TERCIÁRIAS
Para completar a roda, posicione as cores terciárias entre os tons já mencionados. Dessa forma, nós criamos uma roda com doze elementos, os quais nos permitirão mostrar as suas interações. De fato, o número de cores na roda pode ser infinito, mas em nome da simplicidade, nós usaremos apenas esses doze.
Imagem 5 – Cores terciárias
CORES ANÁLOGAS
Cores análogas são aquelas que, na roda, estão imediatamente ao lado de um tom específico. Para encontrar as análogas ao laranja, por exemplo, deve-se olhar para os seus lados: encontra-se o amarelo e o vermelho. O uso dessa categoria de cores gera harmonia e é o padrão de cores normalmente encontrado na natureza.
Imagem 6 – Cores análogas
CORES COMPLEMENTARES
Essas cores podem ser encontradas no lado oposto da roda, em relação à cor que complementam. Essa combinação de cores é a mais importante para nós, pois sua utilização permite-nos destacar um tom em particular. Por exemplo, uma cerejeira rosa florida deve ser colocada em um vaso de verde, de modo a intensificar a cor de suas flores, visto que o verde complementa o rosa.
Imagem 7 – Cores complementares
CORES ANÁLOGAS COMPLEMENTARES
Cores análogas complementares são aquelas encontradas ao lado de uma cor complementar simples. Utilizar esses tons, em alguns casos, pode criar uma tensão visual, mas, são largamente utilizados, uma vez que aproximam as cores complementares ideais. Infelizmente, a variedade de cores possíveis em vasos esmaltados é limitada e, algumas vezes, nós não temos outra opção, senão escolher a cerâmica que mais se aproxima da cor que nós originalmente queríamos.
Imagem 8 – Cores análogas complementares
TRÍADE DE CORES
Uma tríade de cores é a combinação de três tons equidistantes dentro da roda. Quando essas cores são postas juntas, elas criam, no espectador, uma inquietação.
Imagem 9 – Tríade de cores
Nunca combine essas cores no Bonsai. Por exemplo, se o verde é o dominante em um Bonsai cujas flores ou frutos são vermelhos, nunca use azul em seu vaso. Essas três cores formam uma tríade, induzindo a inquietação já descrita.
CORES QUENTES
Cores quentes são aquelas com influência do vermelho, como o próprio vermelho, o laranja e o amarelo. São, também, os tons situados na parte direita do espectro. Elas promovem um sentimento de calor, conforto e dão energia à combinação. Criam, também, um efeito visual que dá ao espectador a sensação de que as cores se irradiam do objeto.
CORES FRIAS
Cores frias são aquelas com influência do azul, como o próprio azul, o ciano e o verde. Essas cores criam equilíbrio e refrescam o esquema. Elas parecem se afastar do observador, ao contrário das quentes.
Imagem 10 – Cores quentes imagens
Imagem 11 – Cores frias
CONTRASTE
Contraste é a percepção de diferença entre duas cores próximas. Mesmo sabendo que branco e preto não são cores, eles representam um contraste não cromático. Essa união representa, também, o mais alto nível de contraste. Cada um dos pares de cores complementares representa um contraste cromático. O olho humano, por sua vez, é mais sensível ao contraste não cromático do que ao cromático.
COMBINAÇÕES
Todos conhecem as regras para escolher um vaso de Bonsai, conforme o tamanho e o formato, uma vez que essa é uma das primeiras lições aprendidas. Ao se escolher a cor do vaso, entretanto, nós temos que ter em mente qual parte da planta nós
Imagem 12 – Contraste não cromático
Imagem 13 – Contraste cromático
Queremos realçar ou, contrariamente, qual nós queremos minimizar. Para dar destaque a algo, nós usamos sua cor complementar. Para disfarçar ou minimizar algo, nós usamos sua cor análoga. Por exemplo: Um Juniperus com um shari esbranquiçado, uma casca laranja avermelhada e a folhagem verde. As possibilidades: Folhas = Verde. Sua cor complementar é o roxo, portanto nós poderíamos usar um vaso não esmaltado de argila terracota, de cor próxima ao vinho. Shari = Branco. Para dar destaque ao branco, deve-se usar seu complementar, o preto. Como é muito raro encontrar vasos de argila totalmente preta, deve-se escolher o mais escuro que for possível encontrar. Casca = Laranja avermelhada. Como nos casos das folhas, para destacar a cor da casca, deve-se buscar sua complementar que, no caso, é o azul. Como o preto, azul puro não pode ser produzido pela combinação de elementos usados na produção de argila. Entretanto, existem excelentes cerâmicas cinza azuladas que harmonizariam perfeitamente com a casca dessa árvore. Três opções possíveis: qual é o vaso certo? Primeiramente, decida qual aspecto da árvore você gostaria de destacar. Nesse exemplo, obviamente, as qualidades mais atraentes estão no jin e no shari, portanto, deve-se escolher o vaso mais escuro possível.
FOLHAS
Ao escolher um vaso, nós queremos perfeita harmonia com a árvore e, na maioria delas, a cor que prevalece é o verde da folhagem.As cores que harmonizam perfeitamente com o verde são os tons terrosos, coincidentemente a combinação encontrada na natureza entre as folhas de uma árvore e o solo em que se desenvolve.
Os verdes, porém, não são todos iguais. Podem existir diversos tons diferentes, mesmo em uma mesma árvore, visto que as cores mudam com as estações, particularmente no outono.
Dentro do espectro de verdes, encontra-se: o verde amarelado = Ginkgo biloba; o verde azulado = Oliveira selvagem; o verde alaranjado = Romãzeira.Em suma, cada espécie tem seu próprio tom de verde. Para manipular diferentes possibilidades de cores complementares, leve em conta a nuança do verde em cada caso e busque sua complementar. Por exemplo, com o verde alaranjado, elimine o verde e busque o complemento do laranja que, no caso, é o azul. Esse é o modo de enfatizar o tom específico dessas folhas.
O mesmo é válido para coníferas, mas sem essa variedade tão extensa de cores. Com coníferas, utilizam-se vasos não esmaltados.
Entretanto, não basta dizer “use cerâmicas não esmaltadas”, uma vez que mesmo sem esmaltação, ainda há uma larga variedade de cores. Deve-se, portanto, escolher aquela que melhor harmoniza com a planta.
Argila marrom é considerada a cor universal, já que é a cor da terra. Ela pode providenciar uma combinação que é agradável, mas nada mais.
CORES DO OUTONO
Para destacar as cores de outono, escolha um vaso com a cor complementar certa, mas não se esqueça do tom que as folhas assumirão no verão. A cor que, aparentemente, é certa para a planta durante algumas semanas de outono, pode gerar um efeito desagradável no resto do ano.
FLORES
As flores são, na maioria das vezes, brancas e, se você quer destacá-las, escolha o vaso mais escuro possível. Para flores com tons mais escuros de branco, ou com outras cores combinadas, escolha um vaso escuro, porém de uma cor que complementa aquela da flor.
Flores rosas = vaso verde.
Outra possibilidade é utilizar cerâmicas com “manchas” de cor. Esse tipo combina especialmente com árvores floridas.
AZALEAS
Em relação às azaleias, a cor é algo que merece discussão.
Bonsaistas japoneses comumente plantam azaleias em vasos não esmaltados, como fazem com as coníferas, uma vez que preferem enfatizar a qualidade e a densidade dos galhos em relação às breves flores.
Esse tratamento discreto dado às flores, na jardinaria japonesa, é um fundamento da estética nipônica, a qual valoriza mais a linha e a forma do que o florescimento. Até mesmo um ocidental entenderia facilmente por que ninguém pensaria em plantar uma gardênia em um jardim Zen de areia. As flores se tornariam o foco da composição ofuscando todo o resto, deixando o resto dos elementos invisíveis.
Se nós tivéssemos que escolher uma palavra para caracterizar a cultura japonesa, esse seria, certamente, “austeridade”, visto que os japoneses sempre buscam simplificar para melhor apreciar as coisas. Um bom exemplo disso é encontrado em sua culinária, na qual sabores são apresentados exatamente como são realmente, sem muitos molhos ou a adição de muito sal. Basicamente, o que nós vemos é uma sociedade que reconhece e aprecia sabores sutis, aos quais nosso paladar, acostumado ao gosto temperado e forte, não aprecia facilmente. O mesmo é verdade para a arte japonesa. Por ela, toda a distração que poderia direcionar a atenção do espectador a outro objeto que não a criação artística, seja em uma pintura, em um jardim, em um Ikebana, em um Bonsai, é passível de eliminação. No Ocidente, por outro lado, é completamente aceitável que se brinque com as cores para realçar as flores de uma azaleia, visto que estamos acostumados aos jardins ocidentais, dotados de abundância de flores. Assim sendo, nós podemos e nós fazemos bom uso de todas as possibilidades cromáticas que as azaleias nos podem fornecer.
FRUTO
Assim como as flores, frutos são elementos enfatizar, portanto, selecione um vaso com uma cor para complementá-los. Tenha em mente que frutos muito raramente apresentam cores uniformes e, assim sendo, busque por vasos esmaltados em várias cores para harmonizar com os tons dos frutos.
TRONCO
O mesmo se aplica ao tronco, o qual pode ser realçado ou diminuído de acordo com a cor utilizada. Para enfatizá-lo, use sua cor complementar; para minimizá-lo, use suas cores análogas.
O uso de uma cor análoga para minimizar o tronco ou qualquer outra parte da árvore reside no fato de nossa visão reconhecer tudo que estiver representado em tons análogos como uma unidade. Visto que o vaso é o mais uniforme e, normalmente, o maior elemento com a mesma cor, o restante dos itens com sua cor análoga é minimizado. Comumente, no caso do tronco, a textura é mais importante do que a coloração.
TEXTURA
Diferentemente da cor, a textura do vaso deve harmonizar com a planta e as duas não devem contrastar entre si. Por exemplo, uma árvore com um tronco velho e áspero não deve ser acompanhada por um vaso suave, esmaltado e homogêneo. Uma vez que a casca do tronco sugere grande idade, os outros elementos da composição também o devem sugerir. A melhor escolha para árvores velhas são vasos não esmaltados e, quando possível, com uma superfície texturizada. Quanto mais velho aparentar o Bonsai, mais aceitável é o uso de cerâmicas com textura.
Todavia, o uso de plantas de apoio com linhas suaves e cores em contraste com o Bonsai de aparência antiga não é ruim.
Mesmo sabendo que o elemento faz parte de uma composição na qual a marca do envelhecimento
prevalece, o uso de plantas de apoio cria a aparência de um ambiente natural.
Alguns exemplos de vasos projetados especialmente para acompanhar árvores mais velhas: no Japão são conhecidos como “Mushi-kui” e “Mokume”.
“Mokume” refere-se aos veios ou à superfície do tronco, e simboliza a madeira antiga de um pinheiro.
“Mushi-Kui” significa “comido por larvas” (Kui = comido, Mushi = larvas).
Esses dois tipos de texturas só devem ser utilizados com árvores velhas, com troncos ásperos. O vaso Mokume mostrado nesse artigo apresenta uma bela combinação de preto e vermelho, um resultado da queima da argila.
JIN, SHARI, SABAMIKI e PEDRAS
Os galhos chamados Jin são, geralmente, embranquecidos a partir da aplicação de calda sulfocálcica, o que os torna bastante brancos. Para enfatizá-los, use vasos em tons escuros que harmonizam com outros elementos do Bonsai. O Shari e o Sabamiki, por outro lado, não são, normalmente, tão claros quanto o Jin, uma vez que é comum misturar nanquim à calda sulfocálcica aplicada neles.
As pedras usadas nas composições Ishisuki tendem a ter cores neutras, com o cinza como tom predominante. Cinza é a única cor que não pode ser enfatizada, devido as suas características neutras. Ela harmoniza com qualquer outro tom, mas não pode ser destacada a partir de um complementar.
Texto original em:
ANÔNIMO. Choosing a Pot According to the Shape of the Tree. Bonsai Today, Watertown, Stone Lantern Publishing Company, ano 15, n.
88, Nov./ Dez., 2003.
PAYERAS, Antonio. Selecting a Pot by Color. Bonsai Today, Watertown, Stone Lantern Publishing Company, ano 15, n.
88, Nov./ Dez., 2003.
Tradução e adaptação por
Sergio Onodera.