Texto enviado pela amiga e professora Mel Longhin
Comprei um bonsai no supermercado e agora?
Por muitas vezes, nos deparamos principalmente nas redes sociais e em grupos sociais, com pessoas que postam com êxtase a feliz aquisição. Às vezes a euforia cede lugar à decepção, pois ao comprar esse tipo de planta e ao passar algumas semanas ela vem a morrer.
Mas por que isso acontece?
Há algum tempo vem sendo difundido por produtores, principalmente de Holambra, a venda desses “bonsai” com os dizeres de que você esta adquirindo um bonsai jovem, nomenclatura dada apenas para fins comerciais. Entretanto, esse termo é inadequado, pois são mudas colocadas em um vaso, geralmente de plástico que se assemelha visualmente aos de cerâmica. São mudinhas plantadas apenas para venda imediata, ou seja, são produzidos em larga escala, que por muitas vezes já vêm com a vida comprometida para as lojas. Temos que considerar também todo stress que ela provavelmente passou: transporte, quiçá por dias em caminhões, locação em um ambiente fechado com ar condicionado e sem regas.
Assim sendo, elas são produzidas para serem comercializadas em larga escala e não há o cuidado adequado com elas e muito menos com o substrato que as sustentam, pois a intenção é somente a venda dentro de um determinado prazo sem a preocupação com sua longevidade. Ainda podemos considerar a qualidade da própria planta, que por vezes pode vir com a própria condição de vida debilitada. Também a de se considerar os cuidados que ela vai receber de você após a compra. Por estas razões, a maioria morre em pouco tempo.
Portanto meu amigo, ao comprar um bonsai de supermercado, apesar de vir com essa nomenclatura na embalagem, você esta adquirindo uma muda e não um “bonsai jovem” e muito menos um bonsai
Dessa forma, não é incomum ver pessoas desesperadas ou decepcionadas com sua compra, pois sua planta está morta ou morrendo.
Nesse momento o comprador decide procurar por auxílio principalmente em grupos nas redes sociais. Contudo, por muitas vezes, já não há mais solução.
Enfim, mesmo com todos estes fatores a compra dessas plantas ainda se faz muito presente, principalmente entre os leigos na arte do bonsai, então o que fazer para salvar minha mudinha?
Primeiramente vamos esclarecer que qualquer procedimento a ser realizado, será uma tentativa, ou seja, não significa que você terá êxito em suas ações devido às condições adversas de sua planta já citadas acima.
Primeiramente você deve ter em mente que essa planta veio provavelmente de uma estufa, assim terá que passar por uma adaptação ao novo ambiente, sua casa. O que aconselho é uma aclimatização, ou seja, dar um tempo a ela para que se adapte ao clima de sua região. Nunca deve ser deixada dentro de casa, pois se trata de uma árvore e precisa do ar livre para sobreviver, mas também não pode ser colocada diretamente no sol de imediato, pois pode vir a queimar as folhas, secar galhos e mesmo morrer. Não se esqueça que ela veio de um clima controlado, isto é, temperatura e umidade na quantidade certa para serem vendidas.
Dessa maneira, minha sugestão é que você a coloque em um ambiente externo e que fique a sombra até soltar novos brotos. Após esse período, mais duas semanas, sempre em ambiente externo, de forma que o sol a atinja no período da manhã e após isso a coloque em sol pleno.
É de fundamental importância que você conheça sua planta, portanto naquele período de adaptação, procure informações sobre ela para saber suas reais necessidades para sua sobrevivência. É necessário estudar sobre ela, conhecer sobre insolação, umidade, água, adubação entre outros, assim a porcentagem de sucesso poder vir a ser maior.
Suponhamos que você adquiriu uma planta que não suporta sol pleno, e após a aclimatização você a coloque direto naquele solzão, claro, ela não sobreviverá.
Passado esse período vamos pensar na terra da sua planta, ou seja, o substrato que a sustenta e que lhe dará condições para viver.
O substrato dessas mudas também segue o padrão de comercialização, ou seja, proporcionam a planta condições ideais somente para a venda. Será necessário colocá-la em um substrato adequado. Dessa forma, novamente vem a importância de estudar, pois como poderá saber qual utilizar se você não conhece a sua planta? Há plantas que necessitam de mais umidade e outras menos, assim saber a composição do substrato se torna fundamental
A planta deve ser retirada do seu vasinho com o torrão, sem desfazê-lo. Passe em volta do vaso uma faquinha, para que dessa forma o substrato se solte, segure-a pelo tronquinho e retire-a do vaso. Usamos com muita frequência bacias plásticas, são baratas e de fácil acesso a todos. Fure-a bem, para que água não se acumule quando você a regar. Preencha 50% com o novo substrato, acondicione a planta e preencha os espaços com o restante do novo substrato. A isso chamamos de falso transplante.
Mas qual substrato utilizar?
Bem, nesse caso, de uma simples tentativa de salvamento, você poderá utilizar terra vegetal ou húmus e um material drenante, aconselho areia de rio que você poderá encontrar em qualquer depósito de material de construção a um preço bem acessível, mas esse material não pode ser utilizado da maneira em que foi comprado.Terá de ser peneirado de forma que fiquem somente as partes mais grossas. Após isso lave em água corrente para tirar as impurezas. Essa areia será responsável pela drenagem da água.
Coloque na composição do substrato a proporção de um por um, ou seja, uma medida de terra ou húmus e uma medida da areia já peneirada.
Deixo claro aqui que essas ações primárias são uma tentativa de salvamento para as mudas adquiridas em supermercados, e não a serem aplicadas em outros casos.
Areia peneirada
